Mostrando postagens com marcador ônibus. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador ônibus. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Falta de humanização evidencia crise no transporte

Antes de começar:
http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/vc-no-g1-rj/noticia/2013/04/motorista-expulsa-passageiros-de-onibus-no-rio-diz-leitora.html

http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2013/04/prefeitura-manda-demitir-motorista-que-ameacou-passageiro-no-rio.html

A eclosão de irregularidades no transporte coletivo no Rio de Janeiro, surgida após o acidente com um ônibus que despencou de um viaduto e caiu em plena Avenida Brasil, revela a desumanização que impera dentro dessas caixas sobre rodas. E não só se restringe à Cidade Maravilhosa, que fique claro.

Transporte coletivo é sinônimo de mazela. O julgamento vem da fonte motriz, os usuários. Ônibus desconfortáveis, atrasados e a má educação dos profissionais são as principais acusações. Tornou-se um estigma indissociável na sociedade brasileira.

Importante destacar que o transporte, antes de mais nada, é composto por pessoas. Do passageiro, passando pelo motorista, cobrador, colaborador, empresário até o secretário responsável pelo setor. Mas para que o transporte seja de fato eficiente, é preciso humanização. Em tese, se somos humanos, logo somos humanizados. Isso vale para todos os envolvidos, sem exceção.

É uma reação em cadeia. A ganância dos gestores que elaboram os horários, pouco coerente com a realidade em que se encontra a mobilidade nas vias. O estresse do motorista, ao se ver obrigado a cumprir a escala, sob pena de perder a renda da viagem em caso de atraso. A impaciência do usuário ao se deparar com quilômetros de lentidão e ter que encarar possíveis adversidades em seus compromissos.

Como todo bom humano, é despertado uma condição que está intrinsecamente ligado à nossa condição, não que seja de forma voluntária, o egoísmo. Muitos gestores que só pensam no lucro. Motoristas que só querem saber de cumprir viagens, ocasionando as "queimas de paradas", por exemplo. Passageiros que exigem tratamento cordial dos operadores e apenas chegar ao seus destinos, mas não enxergam o suplício rotineiro enfrentado no trânsito. 

Sem falar nos proprietários de veículos individuais, que dia após dia entopem as vias com seus carangos, com ar condicionado, poltronas, som, pouco se lixando para quem está se espremendo dentro do ônibus, quando se poderia buscar outras alternativas para contribuir com a redução dos engarrafamentos. 

Como consequência, insultos, denúncias e, no mais extremo dos casos, socos e pontapés entre operadores e usuários. Os gestores continuam em seus escritórios, tentando abafar uma crise aqui e acolá, diante da posterior repercussão midiática. E tudo continua como está. 

A solução do problema é mais abstrata do que se imagina, e não técnico como se parece. Investimentos existem. Renovação de frota, monitoramento em tempo real, câmeras nos coletivos, bilhetagem eletrônica, entre outras contribuições que a tecnologia pode oferecer. Todo esse aparato constitui uma aparência externa de confiança no transporte. Como o próprio nome diz, "coletivo", a compreensão e o respeito precisam aflorar em cada indivíduo inserido dentro desse sistema, para desfazer a ilusão construída e concretizar a real confiança.

Transporte é humano. São relações que se estabelecem dentro de um ambiente em movimento. Não importa o modal. Cada usuário com seus problemas, suas vitórias, alegrias e tristezas. O que impede que isso seja compartilhado, respeitado, compreendido? Esbarrou em alguém involuntariamente, desculpas. Ceda o lugar para idosos ou pessoas necessitadas. Alguns até arriscam recitar um poema, ou cantar, e até mesmo contar causos. 

A mudança não depende das instituições (secretarias e empresas de transporte). A mudança só depende de nós, usuários. Humanos. Uma reflexão profunda de nossa relação com o semelhante é o caminho. Transporte é cidadania!
às 00h40

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Conceito de busologia

Eu tinha por volta de dois ou três anos de idade quando meus pais começaram a passear comigo em uma pracinha que fica em uma avenida movimentada próximo de casa. E nessa avenida passam algumas linhas de ônibus. E durante aquela volta na praça, segurando a mão da minha mãe ou do meu pai, passava por mim vários e vários ônibus. Caio Vitória, Busscar Urbanus I, Urbanus II, Padron Cidade, Alpha, Torino GV das mais variadas empresas e dos mais variados chassis (B58, OF 1620, OF1318...). CTC, Brasília, Aparecida, Angelim, Salete, Bons Amigos, e outras empresas que hoje estão fora de operação mas que nunca saíram da minha mente e de várias outras pessoas. Chegava em casa, pegava uma caixa de pasta de dente, pintava a caixa e começava a brincar pela casa. Logo depois apareceram meus primeiros ônibus em miniatura. Só que a maioria era uma réplica dos ônibus estrangeiros, mas eu sempre dava um jeito de tentar transformá-lo em um ônibus nacional. Durante toda minha infância, até os meus 11 anos, eu admirava ônibus, mas sem compartilhar este prazer com alguém.

Em 2006 comecei a participar do orkut. Em um certo dia, fui atrás de pesquisar uma comunidade de uma empresa de ônibus, no caso a Via Urbana, até que achei comunidades relacionadas e vi que haviam pessoas que compartilhavam informações sobre ônibus. Comecei a ver desenhos, passei a ir atrás de sites a procura de desenhos de ônibus e descobri o termo "busólogo". Já de cara gostei do nome. E isso foi me fascinando a cada dia que passava e comecei a ver que eu não era o único nesse mundo! Passei a interagir com os busólogos daqui de Fortaleza, na qual comecei a formar uma grande amizade entre três deles, tenho muita consideração por eles, mesmo. Creio que a maioria que estejam lendo este blog tenha noção do que é a busologia, mas para quem não ouviu falar, de uma forma resumida, nós praticamos a busologia como hobbie e estudo dos ônibus em geral. Fotografamos, colecionamos miniaturas, compartilhamos informações, tudo sobre ônibus.

1º Encontro de Busólogos do Ceará - Expresso Guanabara 26/09/2009

É notável que a busologia se expandiu e atingiu patamares que ninguém jamais imaginou. É como diz aquela frase "A união faz a força". Com essa união, nosso hobbie é reconhecido por algumas pessoas (que ainda está longe da maioria ou totalidade) e até por empresários do setor. A começar, acho que a imprensa é a única arma que temos para divulgar esta paixão. Já assisti várias reportagens e pude perceber que todos nós temos uma peculiaridade: gostamos de ônibus desde criança porque havia uma garagem na frente de casa, ou porque morava de frente para uma avenida movimentada, ou pelo fato de que algum parente trabalhava no ramo e por aí vai. A maioria dos busólogos imaginavam que eram os únicos e que todos tiveram a mesma reação quando descobriram que não estavam sozinhos no mundo.

No entanto, pude perceber com o tempo que este hobbie também pode ser levado a sério. Você tem uma imagem para zelar. E se não tomar cuidado, pessoas mal intencionadas poderão difamar você. Inveja? Não sei. Tentar manter a harmonia também é importante, mas nem sempre se pode contar com a colaboração de alguns. Outro fator que também considero sério é a credibilidade. Alguns busólogos costumam soltar boatos sem fundamento algum para os outros. Isso prejudica a própria pessoa que soltou a conversa e até mesmo, o grupo em que este frequenta pode ser vista pelos demais como um grupo sem credibilidade. Melhor ou maior busólogo: acho isso uma bobagem. Não me considero nem melhor, nem maior, nem nada. O que eu quero mesmo é apenas compartilhar de meu prazer com outros que tenham o mesmo e, posteriormente, fazer novas amizades. Não me igualo nem me superiorizo a ninguém.

O bom mesmo é desfrutar deste hobbie que me apaixona, e a outras pessoas também, a cada dia que passa. De uma forma saudável, sem restrições. Abraço a todos.

sábado, 19 de dezembro de 2009

"Ônibusterapia"

Um dos maiores prazeres da minha vida é andar de ônibus pela cidade. Não só pelo papel que cumpro de busólogo, mas como pessoa também. Geralmente, quando estou sem nada para fazer em casa, resolvo me arrumar e partir para a parada de ônibus. Durante o trajeto até o ponto, penso em qual será o itinerário daquele dia. Começo por qual rota? Qual terminal deverei seguir? Entre várias outras perguntas.

Dentro do ônibus, começo a escutar meu mp4, e pensar na vida. Quando estou sem a companhia de meus amigos, eu tento me isolar de tudo e de todos, que nem os monges faziam na idade média. Eles se isolavam em mosteiros e meditavam, para a busca interior. Digamos que o ônibus é o meu "mosteiro", rs. Não ligo para trânsito, atrasos, nada, nada. Quero ficar na minha.


Faço várias reflexões a cerca de tudo que ronda a minha vida. Tento encontrar respostas para as dúvidas. E também me deparo com dúvidas nas respostas. Parece um ciclo interminável. Tento organizar o que está bagunçado, penso como será meu futuro, penso também se poderei chegar são e salvo no próximo terminal. Sim, me preocupo com a violência. Já levaram meu celular e meu relógio quando estava em uma parada. Foi o primeiro assalto que sofri. Mas isso não me abalou. Ainda continuo a andar de ônibus, apesar de que me falaram que só iria parar com essa mania quando eu fosse assaltado, muito pelo contrário. Sempre carrego otimismo e bons pensamentos comigo. Acredito que com isso, espantará os "maus espíritos", e poderei ter uma boa viagem.

Muitos devem pensar que isso é coisa de desocupado que não tem o que fazer. Mas realmente, eu só ando de ônibus quando não tenho NADA para fazer (fora os compromissos). Então por um lado é verdade, rs. No mais, para mim, andar de ônibus, pensar e organizar sua vida é uma espécie de "terapia". Além de conhecer a cidade, é barato também (pelo menos para quem tem direito a meia passagem). Com R$1,80 você pode conhecer a cidade inteira andando de Grande Circular. Contanto que você o pegue em um horário que não seja o de pico, tá de bom tamanho, rs.

Abraço a todos.