domingo, 19 de maio de 2013

A voracidade em ter que sobreviver é uma coisa impressionante


Para muitas famílias, sobrevivência é sinônimo de Bolsa Família. Desde as primeiras horas da noite, observei muitas mulheres e crianças de colo tomando conta do Terminal de Antônio Bezerra. Duas filas enormes se formaram no pequeno auto-atendimento da Caixa, levando essas pessoas a dividirem espaço com os ônibus que trafegavam na pista. A situação era tamanha que Polícia Militar e Guarda Municipal tiveram que ser acionadas para evitar maiores complicações. 

Eram muitas mulheres mesmo. Humildes, não queriam saber das condições em que se encontravam. Noite fria, filhos chorando, muita gente nas filas, o importante era receber o benefício o quanto antes. Aquele terminal de ônibus teve o som de motores de ônibus abafado pelos murmúrios que davam conta de que, quem não recebesse o benefício até hoje só iria receber daqui a três meses. 

Surgiu a informação de que o dinheiro do auto-atendimento esgotou. A correria se deu rumo às filas de linhas que passem pela Bezerra de Menezes, para que fosse possível efetuar o saque em uma agência da Caixa. A favorita foi a linha 086, na qual eu estava. Abarrotado de mães, o coletivo deu início ao seu trajeto. A primeira agência fica vizinho ao terminal, mas estava tão lotada quanto o auto-atendimento do terminal. Ao chegar na agência da Bezerra, as passageiras que desceram do ônibus engrossaram a conturbação que estava ali instalado. Perplexo, o que eu via naquele momento era o caos.

Nas agências seguintes por qual o itinerário da linha 086 abarca, o movimento era o mesmo, porém menos intenso do que verifiquei na Mister Hull e Bezerra de Menezes, devido estas serem localizadas em áreas centrais, distantes de bairros periféricos na qual residem a totalidade dos beneficiários pelo Bolsa Família.

Não era possível acreditar que o Governo Federal tenha exposto toda essa gente em uma situação dessas. Depositar um pagamento em um sábado, que não tem expediente, à noite e ainda com a, suposta, advertência de não receber o benefício pelos próximos três meses seria constrangedor e desrespeitoso. As agências da Caixa estavam de um jeito que nem em dia útil. São essas mesmas pessoas que dão manutenção para o poder que aí está. Mas, elas não têm culpa. É o sistema. Para muitos, 100, 200 ou 300 reais é grande coisa para a subsistência. Apesar dos pesares, quem conseguiu sacar o dinheiro, volta com a conformidade da comodidade. 

No final das contas, era tudo boato.

http://www.facebook.com/notes/imprensa-caixa/nota-de-esclarecimento-sobre-bolsa-família/465311590215646

Fortaleza, 18/05/2013